quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Três

"Temos o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza."
Boaventura Souza Reis



"Aspiro a um absoluto e a um completo que não existem; preciso de tudo ou nada, e me debato todos os dias entre a fraqueza de meus meios e a imensidade de meus desejos. "
Tocqueville


"Enquanto não alcançares a verdade, não poderás corrigi-la. Porém, se a não corrigires, não a alcançarás. Entretanto, não te resignes."
Do Livro dos Conselhos

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

As barbáries do sangue

- Infecção urinária? Ah! Você não pode doar sangue,então.
- Mas eu já tomei os antibióticos durante o tempo certo. Não tenho mais sintomas.
- Há quanto tempo você terminou o antibiótico?
- Humm...Nove dias...
- Viu?Não pode! Os sintomas podem estar mascarados.Tem que esperar quinze dias.
- Ah, tá. Então,já que estou aqui, queria saber uma coisa.
- Diga.
- Por que é que pessoas que residiram em determinados locais, tais como Roraima, Amazonas, Rondônia, podem doar sangue somente após 6 anos da mudança?
- Porque elas podem ter malária.
- Mas isso não aparece na triagem do sangue?
- Não fazemos esse teste. Eles só fazem no sangue coletado lá no norte.
- Caramba! Quer dizer que alguém pode simplesmente vir até aqui e doar sangue com malária?
- Sim. Por isso que fazemos o questionário. Consideramos que as pessoas estão sendo honestas.
- Humm...A única prova de que o sangue não tem malária é a palavra da pessoa?
- Sim.



MEU DEUS!!!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Fatos sinceros

- Mãe, vocês podiam ter mais um filho, não? Ou adotar um...
- Eu bem que gostaria, mas sei pai não quer. Você sabe, ele nunca foi muito fã de crianças...

Só piorando

Acho que minha aparente desilusão com a vida acadêmica vem do meu julgamento acerca das coisas importantes. Compreendo os motivos que norteiam meu trabalho e que norteiam os que me rodeiam. Mas não consigo admitir uma favela, com pessoas vivendo em barracos de papelão e passando frio, logo ao lado da USP. Não consigo admitir um rio de imundície cortando a cidade-coração do país. Não consigo admitir caminhar pela Paulista procurando um cinema e ver crianças vendendo balas, portando sonhos mortos e destituídas do olhar aterrador dos que compreendem sua condição.


E tudo decorre daí. Muito valiosas são nossas pesquisas, mas se apenas continuarmos por fazê-las, o que será dos que têm menos? Recuso-me a adiar atitudes. Recuso-me a culpar a corrupção por tudo e não fazer nada. Não compreendo o permanecer nesta bolha tendo a consciência de que a vida de terceiros se esvai num mar de solidão e descaso.


E então vem minha intolerância à gente cuja maior preocupação é ler o artigo que fulano escreveu sobre a posição filogenética de tal espécie. Entendo que minha intolerância não vem do fato de quererem saber das novidades científicas, mas do caráter de exclusividade dele.


Como já disse aqui, tenho sérios problemas com a desumanidade. E eles só pioram.

"Se podes olhar,vê. Se podes ver, repara."

Mandela

"Não somos amados porque somos bons; somos bons porque somos amados."

domingo, 26 de outubro de 2008

Amores


Ah, os amores! Daqueles que te fazem querer morrer a perdê-los. Os mais frágeis e paradoxalmente fortes. Os amores que não se quer. Perigosos e destrutivos amores. Amores de canjica e vinho quente, de quinta-feira e de infância. Os distantes e os próximos, os ocultos e os óbvios. Amores de toda sorte habitando um só coração.

Dores e suspiros como notas de um piano florido.

Vinte e seis de outubro


Era uma terça-feira. Acho que aconteceu pela manhã. Copa de 1998. A cachorra do vizinho deu cria e os filhotes eram lindos. Havia um que era especial: todo "loiro", muito gorducho e tinha um dedo a mais na pata de trás. Entre um "mãe,deixa..." e outro, ficamos com ele. Roliço. Vai se chamar Roliço.

Minha irmã foi a encarregada de ser a dona dele. Que coisa estranha essa de ser dono de um animal!

Roliço sempre foi um cão sério e comedido. Só latia quando necessário. Sempre muito esperto, sabia que sair pelo portão aproveitando-se de um descuido, levava sempre ao rio. E ele adorava o rio. Teve alguns encontros não muito felizes com ouriços e uns 9 bernes ao todo. Uma vez saiu de casa e voltou só dois dias depois, sedento, todo machucado e sujo. Minha mãe disse que ele tinha uma amante. E tinha mesmo. Ela apareceu em casa e ficou rondando o portão. Minha mãe prendeu o Roliço. Não adiantou. Apaixonado, ele pulou a tela e foi-se embora com a pequena.

Mas Roliço sempre voltava. Sempre para alegria do Zidane (meu cachorro) que, mesmo apanhando ao tentar almoçar a comida do loiro, tinha um companheiro de escapulidas.

A minha vó gostava de dizer que Roliço era feio de doer. Eu nunca achei. Ele era até simpático, de médio porte na fase adulta e elegante em seu jeito atlético.

Eu não brincava muito com ele por medo de ser mordida como o Zidane. Mas era bom ouvir minha mãe gritando "Roliço!!Sai da porta!!".

Meu pai, assim que chegava em casa, ia direto ao armário de onde tirava um saco de pães e deleitava-se atirando um pra cada cão.

Ainda lembro do meu irmão rolando com ele no gramado, primeiro de propósito, e depois porque Roliço ficava tão feliz que não deixava mais ele levantar.

Era todo engraçadinho...Bastava falar com ele em tom amigável que já deitava de costas e estirava as quatro patas, pedindo um carinho na barriga.


É. Hoje minha mãe ligou pra contar que ele morreu. Um carro bateu na cabeça dele. Já foi sepultado. Estão todos tristes. Dez anos é muita coisa. Espero que ele tenha sido feliz. Acho que foi.

sábado, 25 de outubro de 2008

O Caderno de Saramago

Têm alma os verdugos?

Uma alma que fosse posssível considerar responsável por todo e qualquer acto cometido teria de levar-nos, forçosamente, a reconhecer a total inocência do corpo, reduzido a ser o instrumento passivo de uma vontade, de um querer, de um desejar não especificamente localizáveis nesse mesmo corpo. A mão, em estado de repouso, com os seus ossos, nervos e tendões, está pronta para cumprir no instante seguinte a ordem que lhe for dada e de que em si mesma não é responsável, seja para oferecer uma flor ou para apagar um cigarro na pele de alguém. Por outro lado, atribuir, a priori, a responsabilidade de todas as nossas acções a uma identidade imaterial, a alma, que, através da consciência, seria, ao mesmo tempo, juiz dessas acções, conduzir-nos-ia a um círculo vicioso em que a sentença final teria de ser a inimputabilidade. Sim, admitamos que a alma é responsável, porém, onde é que está a alma para que possamos pôr-lhe as algemas e levá-la ao tribunal? Sim, está demonstrado que o martelo que destroçou o crânio desta pessoa foi manejado por esta mão, contudo, se a mão que matou fosse a mesma que, tão inconsciente de uma coisa como da outra, tivesse simplesmente oferecido uma flor, como poderíamos incriminá-la? A flor absolve o martelo?

Leia o texto todo aqui.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Um teto para meu país



O que é

Para quem é

De como ocupei meu tempo e minha alma

É como se eu tivesse voltado de uma longa caminhada. Sinto-me cansada. Mas de alguma forma, dessas maneiras mágicas pelas quais as coisas acontecem, sinto-me viva a ponto de voar.Meus olhos estão mais abertos que de costume e meus pensamentos mais claros. Essas nuvens aqui não são de chuva. E se forem, são dessas que refrescam as mornas noites de verão. Eu estou voltando...

Into the wild....Again and again...


"A felicidade só é verdadeira quando partilhada."

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O sonho

Por volta dos 9 anos, criei um sonho. Eu quis levar uma dessas famílias que vivem na rua pra casa, dar-lhes banho, roupas limpas, alimento e uma cama quente. Só a idéia já fazia com que eu sentisse um frio na barriga de felicidade. Por anos, eu teria trocado qualquer coisa por poder fazer isso.Hoje eu lembrei do sonho e resolvi fazer algo a respeito.

Das formas de salvar o mundo



Acredito mesmo que salva-se o mundo (de uma forma real e não ingênua) por meio de pequenas coisas:
- lecionar meio ambiente pra sexta série
- reciclar o lixo
- levantar para o passageiro da janela sair ou sentar
- falar bom dia
- parar na faixa de pedestres
- doar livros
- pagar um sorvete
- reclamar do mau humor do cobrador com ele mesmo
- fazer poemas
- espalhar os poemas pelos muros e postes
- vestir uma meia de cada cor (em cada pé...ou não...)

E das pequenas coisas, fazem-se as grandes. Mesmo que não seja você.Mesmo que seja o cobrador ou alguém que leu o poema. O que não o isenta de fazer as coisas grandes. Na verdade, cada um faz o que pode. O que questiono é o não fazer nada, o prender-se numa bolha e colocar-se acima da podridão, como se o único banhado fosse você.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Dúvida

"Você é uma tirana"

"Faz o tipo dominadora, quer se meter em tudo..."

E se a cega for eu?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Vazio


A ausência é uma grande violência. A cada dia esta idéia toma novas proporções. Acho que morrerei disso...De intolerância à dor da ausência tua.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008


Yeah...


Cada não-vinda é uma perda. É alguma coisa que não controlo e, por isso, destruo. Cada ausência é um menos querer que ofende e sentencia a uma solidão sem fim. Não há culpados. É só um deixar levar-se, como faria um pedrisco num rio...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Centro de massa

- Quer dizer que se eu segurar meus pés de modo a formar um anel com meu próprio corpo, meu centro de massa muda??Que bizarro!!

- Bizarro é você querer formar um anel com o próprio corpo e sair rodando por aí...

-Pode crer...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Licença

Esta é a forma correta: licença.
"Licensa" não existe.
Ponto.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O caso é que gosto mesmo de Bazar Pamplona...

Musiquinhas e musiquinhas

História do Cerco de Lisboa

"Só ainda não se acabou de averiguar se é o romance que impede o homem de esquecer-se, ou se é a impossibilidade do esquecimento que o leva a escrever romances."

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Rosalina sob flores


Rosalina sempre gostou mesmo de livros. Lembro de papai tentando convencê-la a aceitar de bom grado um vestidinho ou uma boneca de louça. Minha irmã apenas esboçava um querer-chorar e lá estava: um livro novo. Aprendeu a ler aos quatro, e viveu mais disso que de ar. Não era dessas crianças sorumbáticas ou que habitam, solitárias, seus castelos de nuvem. Rosalina era alegre, a que mais sorrisos distribuía e arrancava. Minha irmã desenvolveu tamanha leveza no lidar com pessoas que minha família toda empenhou-se por dissuadi-la de ser escritora e optar por uma carreira médica ou assistencial. Em vão. Discordar de Rosalina era sempre em vão. Teimosa e misteriosamente feliz, como se soubesse de algo que jamais saberíamos, minha irmã tornou-se uma adulta invejável.
Hoje é aniversário dela. Aqui, em pé, às portas da Livraria Cultura, penso no que comprar enquanto posiciono o guarda-chuva num canto. Eu poderia comprar um DVD. Rosalina ama filmes e ama Amélie. Há, pois, a justa semelhança com os grandes olhos de Amélie. Não, livros. Preciso é de um livro que sintetize um segundo, que dê a impressão fresca de uma alvorada, que desgrenhe os cabelos e confunda-se entre sentimentos e imagens que possui quem o lê. Preciso de um Pessoa. No auge da graciosidade de quem é jovem e ajuda um velho a comprar um livro, Rita, a atendente, apresenta-me à pretendida estante. O Livro do Desassossego é o que de melhor há entre o saber, o verbalizar e a solidão de jamais exprimir o que se passa aqui dentro: perfeito para as teimosias de Rosalina. Saio da Livraria e, ao alcançar a rua, lembro que preciso de flores. Ah! Ela há de perdoar-me a indelicadeza. Sob a garoa fina da cidade cinza, chego ao Cemitério da Consolação. Encontro o túmulo modesto entre mausoléus faraônicos. Olho a foto e os dizeres em latim. A saudade é mesmo uma valsinha. Flores brancas sobre o túmulo. Portando um guarda-chuva vermelho salpicado de violetinhas, avisto Rosalina. Ela jamais admitiria deixar papai de fora da festa.

domingo, 5 de outubro de 2008

Plano B


Uma idéia. Um rumo. Um plano. Bum!! Fez-se o dia!

sábado, 4 de outubro de 2008

Humpf!

Odeio essas pequenas enormes coisas que me chateiam e que não posso mudar. Preciso de um chocolate que me permita desfazer o que quer que eu tenha feito de errado, de modo que possa me sentir bem de novo sobre o que antes me deixava tão feliz.


É, é só isso.

Sinestésico

Cheiro-verde é uma planta de nome absolutamente sinestésico! Por que, então, estranham meus beijos azuis? É tudo coisa do falar sem pensar nas palavras...

Parta

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Faça uma lista...de verdade...


ouça-me

Ambígüo

Legião é muito ambígua...Provavelmente de propósito...

“...e a Mônica riu e quis saber um pouco mais sobre o boyzinho que tentava impressionar...”

Ou, talvez, seja apenas meu desconhecimento da pontuação das letras.

Palavras

Com-viver

Desodorante




Fantástico!!