segunda-feira, 1 de setembro de 2008

E o que sentir?

Terei me tornado menos humana?É possível. Mas sou da opinião de que continuo tão (muito ou pouco) humana quanto era antes. O caso todo é a empatia. Quando minha irmã era pequena, me dedurava pra minha mãe o tempo inteiro e, por isso, eu vivia levando havaianadas. Mas toda vez que ela fazia alguma das dela, eu ajudava a encobrir, a resolver. Hoje não levo mais havaianadas (não freqüentemente), porém, continuo com essa história de ajudar as pessoas mesmo depois que elas me fizeram muito mal...Coisas bem piores que havaianadas...Não, não. A idéia não é dizer que sou boazinha e que perdôo tudo. Eu não sou boazinha nem perdôo tudo. E se assim fosse, tanto faria. A questão é que mesmo chateada com o que as pessoas fazem, sinto-me imensamente mal se puder ajudar e não o fizer. A professora de Psicologia diz que é a culpa gerada pelo amor...É quando você se sente culpado, não pelo medo do castigo, mas por temer fazer mal a alguém que ama. Esse amor eu chamo de empatia. Mas, há pouco, percebi que minha empatia pode ser morta permanentemente e, por mais que me esforce, sinto apenas o vazio. Não é raiva, mágoa ou vingança. É algo muito pior: total indiferença. Não sentir coisa alguma é assustador. Os gritos...terão sido os gritos?
Desde sempre tive problemas com gritos. Os que melhor me conhecem sabem que basta meia dúzia de palavras àsperas sendo proveridas em tom um pouco acima do normal que me desmancho em lágrimas. Mas não são as palavras em si. É a violência no falar. Não choro porque os gritos me causam dor diretamente. Choro porque dói saber que alguém pode ser insensível a ponto de gritar. E quem sou eu para julgar sensibilidade? Das minhas estranhezas, essa com gritos julgo uma das maiores.
A mera tentativa de igualar o tom da resposta machuca grandemente: além de me assustar com meus próprios gritos (eu sei...que coisa ridícula!) assusto-me com o fato de abandonar o que acredito e gritar de volta. Esse abandono de si pode ter conseqüências dramáticas e duradouras.
Não posso dizer que gostaria de acabar com a indiferença...Simplesmente porque a indiferença, como diz a palavra, não possibilita qualquer vontade de mudar. E sem vontade não há revolução. No fim, é esse o pior problema do mundo. Ou, ao menos, o meu.

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