domingo, 22 de agosto de 2010

piauí

Meus amigos já estão, provavelmente, cansados de me ouvir falar no quanto gosto dessa revista. Mas é muito verdade! A piauí (assim mesmo, com minúscula) é uma revista linda, cheia de textos divertidos e dramáticos também. Jornalismo como eu sempre quis fazer. Alguns dizem que é jornalismo literário...Tem duas (na verdade tem uma infinidade, mas é necessário ter moderação) coisas que eu li nessa revista e quero mostrar.



A primeira é uma coisa bonita que a Luciana Elaiuy publicou na revista e que transcrevi logo baixo. A segunda merece outro post.


O SAL
Saiu pra comprar sal. Nem sempre a doce vida é a melhor vida. Doce enjoa. O sal dá sede. Sal deixa a gente vivo. Ele saiu pra comprar sal.
Deixou a casa acesa. A luz em cima da mesa. A busca é sempre a mesma: levar o sal pra casa, tempero de uma risada, graça até pro copo d'água,mas a sede é sempre vesga.
Ele cruzou esquinas, cruzou os dedos, mal sabia. O sal era a ausência que ele deixava quando saía, era o frio de estar sozinho, o sal era só até a esquina, era ela sentir a falta um pouquinho. E ela sentiu. Por isso temperou os planos pro futuro com têmporas tensas e empolgadas. Visões um tanto salgadas, mão molhada, ela sob a luz daquela mesa. Esfomeada. Esperou. Mais um tanto de espera, ele não voltou. Pesou demais a mão no tempo e o tempero dessalgou.
Ela escreveu na geladeira "o sal acabou". E saiu pra comprar um doce, mas a busca é sempre amor.

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