terça-feira, 29 de setembro de 2009

Os melhores livros

Top five da minha, por hora, curta vida:

1.O evangelho segundo Jesus Cristo - José Saramago
2.O livro do desassossego - Fernando Pessoa
3.Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
4.Cem anos de solidão - Gabriel García Márquez
5.São Bernardo - Graciliano Ramos

Obviamente, considerando-se a impressão que tive da primeira vez que os li.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Dobrado sustenido ou I just want you




Era um garoto ruivo e bemol. Melhor, um rapazinho, como dizia sua mãe. Tinha uns quantos amigos e divertia-se a ingerir grandes doses de um suco pouco doce e a batucar tudo que suportasse tal ação sem ceder ou estilhaçar. "Vai ser advogado, com toda certeza! Note esses olhos inquisitores!", sentenciou a tia, dia desses. Mas o rapazinho tinha lá suas dúvidas quanto a isso e quanto a outras coisas, por começar com como uma senhora tão boazinha podia ser mesmo irmã de sua mãe, tão afeita aos descontroles.

Ele queria mesmo era que lhe pagassem para batucar. Ou, antes disso, porque os pequenos ou não entendem direito essa coisa de remuneração ou consideram-na uma grande tolice: queria que a vida apenas continuasse a transcorrer. As demais questões como alimentação, escola, vestimentas e toda sorte de necessidades que tem um jovenzinho, ficariam a cargo da benevolência inerente ao que existe.

Ademais, sentia falta de um certo quê que não sabia ser de comer ou de montar. Uma vez até acreditou, com a fé cega das crianças e de alguns adultos, que um coçador de costas resolver-lhe-ia o problema. Não resolveu. Passou semanas a perambular pelo parquinho, a conversar com o Ananás -uma espécie de baqueta vermelha na qual lia-se Musa paradisiaca-, na tentativa de entender o que exatamente lhe faltava...Nada.

Foi numa tarde de Natal (contrariando os melhores contos sobre a magia das noites da referida data) que encontrou a tal coisa. E era uma coisa deveras peculiar, pôde notar de imediato. Calçando botinhas ortopédicas e ostentando um sorriso meio torto, a menina lia um livro com um sapo na capa. Um interlocutor teria lhe falado longamente sobre a estranheza de uma criança ler um livro numa tarde tão bonita e bem ao lado da mesa de doces. Mas o rapazinho apenas achou curioso ver uma menina que parecia não demonstrar qualquer antipatia pelo viscoso animal que sorria um sorriso misteriosamente cheio de dentes. Aproximou-se lentamente, intentando puxar-lhe o livro ou qualquer dessas ações pouco medidas e geralmente descabidas de propósito claro de que os rapazinhos são capazes. Mas aconteceu que, a meio caminho, ela voltou-se para ele e, depois de um silêncio divertido, disse-lhe: "Dê-me sua mão!". Sem saber ao certo o que dizer e meio atordoado com o tamanho daqueles olhos, estendeu a mão que a menina cutucou várias vezes, ao fim do que perguntou: "Entendeu?". Começando a imaginar que ela estava a zombar dele e subtamente tomado por um sentimento que não sabia ser de insegurança, chamou-a "boboca" e correu dali. Ao longe ainda ouviu a voz dela: "É código morse...". Parou perto da cozinha, de onde vinha uma canção e vozes que conversavam: "Leste europeu", alguém disse. O rapazinho ofegava e sentia-se dobrado sustenido.

Lá fora, a detentora do livro perguntava à tia se hoje não teriam queijo. Mas o que obviamente queria saber é se o menino ruivo não gostaria de ficar ali por um tempo. Algo como muito tempo...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Amor




Alguém disse que não importa se finge correr atrás de dinheiro, fama ou poder, todo homem só quer ser amado. Seria o amor, em suas tão diferentes formas, o objetivo maior? Não me procupo muito com objetivos e muito menos com a ordem de importância deles, mas a sensação de saber-se amado me é deveras curiosa.

E como é que uma pessoa sabe-se amada? Se lho dizem, poderia arriscar-se um. Se fazem-na senti-lo, tentaria outro. Mas a verdade é que não há meios de saber-se amado. Não existe forma alguma de saber, de fato, o que occore nos corações alheios. E, muitas vezes, ao querer se demonstrar amor, o que conseguimos não chega aos pés do terremoto que existe realmente. No fim, a demonstração em si é sempre falha. Mas é na forma de apreensão que residem todas as possibilidades.

Palavras são palavras. Saber-se amado é, como todo o mais, algo que surge de nós mesmos e não do outro.


"You are what you love, not what loves you. That's what I decided a long time ago."

The PEN story

sábado, 19 de setembro de 2009

The end

"Você vê a todos os seus amores como livros: são bons e lhe proporcionam prazer, até que você percebe que a história chegou a um ponto que lhe é satisfatoriamente final. Aí você se desfaz deles e continua buscando algo que nem sabe o que é."

Em algum momento que não sei precisar,tornamo-nos o que vínhamos sendo até estes dias. Pelo caminho ficaram as borboletas do estômago, a boina, a Maria e o Antonio,o tolerar. Passamos a ser estranhos tentando mostrar quem errava mais. O enxergar foi deixado às traças e os dias nunca mais foram azuis.

"Era a última coisa que ia ficando de um passado cujo aniquilamento não se consumava, porque continuava se aniquilando indefinidamente, consumindo-se dentro de si mesmo, se acabando a cada minuto mas sem acabar de se acabar nunca."

Então, deixarei que a história bonita fique guardada na caixinha do que não existe mais, e que lá continue a viver apenas nas tardes de domingo. Como num livro.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Percussão

Um primo músico faz muitas coisas bacanas. Dentre elas, destaco duas absolutamente apaixonantes:

Musique de table



Marimba (aqui por Nanae Mimura,uma phd no instrumento)

Este aqui...

... é mesmo uma coisa linda!

Fragmentos

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os amantes do Círculo Polar



Não se preocupe. Como garota-da-sinopse jamais me contratariam (ainda que o mundo fosse mais feliz se fizessem-no!).

Estava pensando em assistir esse filme há mais de um ano. Estranho. Acabei por baixá-lo. Ficou no meu computador por mais uma semana. Já era tarde, mas precisava vê-lo. E vi. E minha nossa!

Como roteirista, ele me foi um desastre.
Como apaixonada por cores, extremamente rico.
Como aspirante a fotógrafa/atriz/musicista, um velho parente.
E se você acha que entendeu, acredite, você não sabe de nada.

Alguém aí já me ouviu dizer o quanto gosto de coincidências?

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Não me deixe só

Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz...

Não me deixe só
Tenho desejos maiores
Eu quero beijos intermináveis
Até que os olhos mudem de cor...

fique mais...
Que eu gostei de ter você
Não vou mais querer ninguém
Agora que sei quem me faz bem...