sábado, 25 de julho de 2009

Papel

Choveu tanto que seu corpo, encharcado, parecia-lhe mais vivo que de costume. O relógio marcava 6:05 quando finalmente conseguiu pegar um ônibus lotado. Duas horas e uma baldeação depois, estava no trabalho: um hospital. Era um sábado cinza para recepcionistas com velhos guarda-chuvas e sapatos rotos. Uma das médicas precisara faltar, sendo que avisar a paciente que esperava pela doutora fora sua primeira preocupação. Irritada, a paciente, uma moça loira e bem vestida, pegou a ficha, picou em vários pedaços e atirou em Cleide, a outra recepcionista que estava no fim de um plantão de 12 horas.

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