Tinha ela seus 42 anos e carregava consigo o corpo de uma mulher dessa idade. Ele,25, como é inerente aos rapazes, ostentava aqueles olhos nunca cansados que levam a crer em amores maiores.
Suados os dois, ela deleitava-se em cobri-lo com pequenos beijos que distribuía displicentemente sobre seu peito. Cada um era uma pequenina declaração de uma devoção que ela estranhava, mas sem a qual não saberia levantar-se pela manhã. Pensava no que estaria ele pensando, tão distante estava, se os imaginava juntos no futuro, se haveria um futuro, e que, se houvesse,as crianças herdariam aquele sorriso tão bonito, e eles passariam as tardes a assisti-los brincando com a mangueira de jardim, em dias quentes. Olhando para ela, ele abriu lentamente os lábios e disse que, há algum tempo, envolvera-se com uma adolescente. Calada, não quis mais beijá-lo. Só via a mangueira que, solitária, encharcava o jardim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário