Aparentava 33 anos mas podia ser que fosse menos.
Sentou-se ao meu lado e perguntou se poderia conversar comigo. Disse que sim e arrependi-me logo no minuto seguinte. Cheirava à cachaça e pedia dinheiro. Contou que esteve em muitas cidades, mas que sua cidade natal era Marília. Queria voltar para a terrinha, no entanto, os caminhoneiros só davam carona às vagabundas. Os dez reais que trazia no bolso não eram o suficiente para comprar a passagem de ônibus. Enquanto eu concentrava-me neste escrito, disse que minha letra era muito bonita (e todos sabem que não é...). Comentou sobre o tempo ruim e cogitou ir a pé para casa, o que levaria muitos dias. Calou-se ao contemplar uma pomba banhando-se na água acumulada na calçada. Vez ou outra, perguntava para onde mesmo eu estava indo. Disse, com ares de doçura, que quando eu me levantara para pegar uma caneta, ficara de olho nas minhas malas para que ninguém mexesse nelas. “Se fizesse isso em São Paulo, tinha perdido as malas”. Calçava um pé de Havaianas de cada cor e não fazia idéia de como explicaria isso aos pais.
Foi embora uns quinze minutos depois, desejando-me felicidades. E senti falta dele.
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