quinta-feira, 24 de julho de 2008

São Paulo e sorrisinhos


São Paulo me deu muitas coisas ruins, é verdade. Solidão desmedida, revolta, sensação de impotência. Além de me ter furtado uma bolsa de mestrado, documentos e uma bicicleta (que nem era minha). Aqui, vivi meus piores dias, os mais angustiantes.

Mas vejo que os que diziam que "o que não mata, engorda" estavam certos. Não morri e engordei, são fatos. São Paulo trouxe-me também uma serenidade para lidar com as coisas. O que me deixaria aos prantos e causaria dias de escuridão, não me provoca mais que um sorrisinho, agora. Um sorrisinho de quem sabe onde pisa, mesmo que o chão seja de folhas secas. Aprendi a desconfiar das pessoas. Mesmo parecendo ruim, desconfiar é uma forma de vê-las melhor, de fazê-las reais. Meus amigos dizem que nutro a mesma ingenuidade de sempre. Eu discordo. Mas discordar também é um dos meus fortes. Depende, claro, do que chamam de ingenuidade. Minha capacidade de acreditar nas pessoas realmente permanece inalterada. Mas acredito sabendo que podem me magoar. Antes não era assim. E, invariavelmente, doía.

Não acho que seja bom crescer aqui. Quero meus filhos no interior, tendo aquele sotaque de PieDaDe ou qualquer outra cidadezinha. Quero que tenham uma ingenuidade boa, dessas que faz querer mudar tudo e acreditar que luxo é tomar tubaína comendo cachorro-quente numa tarde de sábado. Quando crescidos, poderão vir pra cá, se assim o quiserem. Espero que eu já tenha mudado muita coisa nesse mundo até lá. Mas vou deixar o sorrisinho.

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